Por Pedro Lobo Martins
As manifestações agradam-me aos
olhos e aos ouvidos (à parte os vândalos, é claro). É que tem gente de todas as
cores nas ruas, ainda que muitos não saibam, e nem
queiram, definir-se ideologicamente. Tem gente da esquerda e da direita. Isso
traz uma grande riqueza às discussões que, agora e no futuro próximo, vão procurar explicar
o que está acontecendo.
Muitos jovens de
classe média, que não conheceram as sangrentas lutas ideológicas das décadas de
60 e 70, e que, portanto, nunca precisaram escolher um lado (militantes versus militares, como era obrigatório até pouco tempo), agora dizem com todas as
letras de seus cartazes que nem um nem outro daqueles lados os representam. Vão
às ruas sem bandeiras. Vão às ruas com seus brados fortes e retumbantes dizer
que a era do maniqueísmo das cores acabou e que uma rosa não representa, necessariamente, o bom e o belo.
Daí, talvez, sua intolerância pelas
bandeiras, ainda que vermelhas. Vermelhas? Sim, a antiga cor da juventude, das
marchas de braços dados ou não em que se caminhava e cantava e se seguia a
canção. Aquele disco arranhou, a canção ficou fora de moda. A geração '68
cumpriu seu papel, mas os tempos agora são outros, aquelas águas passaram. O
maniqueísmo ideológico deu lugar a um arco-íris de ideias que não brilham mais
apenas em tons de vermelho ou de azul. Foi o que o Movimento Passe-Livre, o
PSOL, o PSTU, o PCR e outros anacrônicos partidos "de bandeira"
aprenderam a duras penas nas ruas. Não foi a Globo, a Veja ou qualquer outro
veículo da grande mídia "reacionária" que levou essa nova leva de pessoas às
ruas. Foram as pessoas mesmas, com seus próprios pés no
chão, cartazes na mão, um grito na garganta e muitas ideias na cabeça.
Talvez o PT não tenha percebido
tudo isso. Lula e Dilma não perceberam isso. Poucos políticos perceberam isso.
O cavalo selado passou e passou e passou nesses 10 anos e ninguém pensou em
montá-lo para promover a Reforma Política!
É o que leva a nova geração às
ruas e, no fundo, a faz bradar.
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