domingo, 1 de maio de 2011

Dourando a pílula: como proteger seu dinheiro contra a inflação, que virá.

O abandono do padrão ouro em 1971 liberou o Federal Reserve Bank, que controla a quantidade de dinheiro em circulação, de seu único empecilho em “fabricar” dinheiro. Desde então, o dinheiro em circulação nos Estados Unidos teve como lastro apenas os produtos que o dinheiro comprava e a confiança no tesouro, expressa na disposição do público e do mundo em comprar seus títulos. Esse lastro não era dourado mas era real. Hoje nem ele existe mais, uma vez que a economia americana passou, nos últimos anos, a viver uma ficção, uma utopia que já começa a despertar séria desconfiança.

Estando mergulhados em déficits (em contas correntes e orçamentário, sobretudo) os Estados Unidos, via Fed, escolheram diluir o valor desses ônus em dólar, diminuindo ainda os custos de programas sociais. Isso foi feito através da criação de moeda, o que desvalorizou o dólar, processo que segue em pleno curso. Naturalmente, isso levou a uma bolha especulativa cujos primeiros estertores já se fizeram sentir em 2007-8. A recuperação que se seguiu, levada a cabo por uma inundação ainda maior de dinheiro sem valor, será, como se verá, um voo de galinha nada sustentável.

Embora os ânimos estejam momentaneamente acalmados, nem todos estão iludidos e sabem que o resultado final disso tudo será a inflação, por ora apenas postergada através da exportação desses dólares em excesso para a Ásia, que, crescendo a taxas altíssimas, apenas sente cócegas. Milhares de investidores já estão desertando o que uma vez foi considerado um porto seguro, o dólar americano, e se voltando para o ouro e outras commodities, que têm valor intrínseco. Isso tem levado seus preços às alturas. A alta do preço do petróleo deve-se em parte também a esse movimento especulativo, mas a sua produção, que atingiu o pico, sendo incapaz de acompanhar a demanda mundial, cada vez mais explicará as altas futuras do barril.

(veja, neste blog: o fim do petróleo barato e suas consequências)

Vejamos o caso específico do ouro: seu preço (por onça) estava em U$ 600,00 no início de 2006. Apenas cinco anos depois, chega, no final de abril de 2011, a US1565,00. Uma senhora valorização de 160%. Só em abril de 2011 a valorização foi de 10%. Nada mau. Pra quem comprou. E você acha que já chegou a hora de sair do mercado? Não se afobe. Estima-se que o movimento ascendente esteja apenas começando. Afinal, apesar do Fed, o dólar caiu mas ainda não entrou em colapso, e a hiperinflação ainda não atingiu aquele país ou se alastrou pelo mundo.Quando isso acontecer, e não vai demorar, o ouro poderá facilmente chegar a U$5000,00 a onça, ou mais. Mas aí a própria onça não mais será cotada em dólares...

Minha dica é: quando a hiperinflação chegar, não deixe seu dinheiro nos bancos. Seu valor será perdido. Transforme-o em ativos reais. Os imóveis poderão ser uma saída; entretanto, com a recessão que virá de roldão, não se espera muito deles. O melhor será dourar, ou por que não, pratear a pílula.

Observação de 19.08.11: com as incertezas que pairam sobre as economias americana e da Zona do Euro, afetando a credibilidade de suas moedas, o preço do ouro continua subindo, beirando agora o limite psicológico de U$1900,00 a onça. Enquanto isso, as bolsas de valores seguem com grande volatilidade e em ritmo de queda, que deverá acentuar-se no médio prazo, assim que algumas economias centrais mostrarem sinais mais evidentes de insolvência e a inflação, fruto das tentativas desesperadas dos governos em transparecer normalidade via aumento da base monetária, começar a se fazer notar com maior vigor e com abrangência mundial.

Nenhum comentário: