sábado, 29 de outubro de 2011

A Exploração


Por Pedro Lobo Martins

Adaptação do bonito poema de Raimundo Correia: A Cavalgada

Este soneto é uma homenagem àqueles que, mais do que exploradores dos mundos subterrâneos, são grandes amigos das grutas. A ponto de estarem dispostos a deixar partes de suas almas nos labirintos onde, quem sabe um dia, serão capazes de reencontrá-las - apenas para mais uma vez as  deixarem por lá...
As grutas são uma metáfora da vida: apenas passamos por elas; e, embora não sejam infinitas, como talvez desejássemos, nos mostrarão seus infinitos mistérios, se bem procurarmos.
 

                                                                                                        Foto: Pedro Lobo Martins

A Exploração

A noite banha a solitária dama...
Silêncio!... mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem se aproximando
Das vozes que dão alma à crua chama.

São pessoas que vão rumo ao incerto;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
C'os olhos a brilhar vão perscrutando
As sombras mudas do gentil deserto...

E a gruta ecoa, move-se, estremece...
Dos exploradores a visão fluente
Perde-se então no fundo da montanha...

E o silêncio outra vez soturno desce,
E límpida, sem mácula, premente,
A noite a solitária dama banha...