Christophle Plantin nasceu na França em 1514. Aprendeu o ofício da tipografia, tornando-se um dos maiores impressores de livros de sua época, amando-os, como bibliófilo e humanista que era. Faleceu em 1589.
Escreveu:
Avoir une maison commode, propre et belle,
Un jardin tapissé d'espaliers odorants,
Des fruits, d'excellent vin, peu de train, peu d'enfants,
Posséder seule, sans bruit, une femme fidèle.
Un jardin tapissé d'espaliers odorants,
Des fruits, d'excellent vin, peu de train, peu d'enfants,
Posséder seule, sans bruit, une femme fidèle.
N´avoir dettes, amour, ni procès ni querelle,
Ni de partages à faire avec ses parents,
Régir tous ses desseins sur un juste modèle,
Se contenter de peu, n'espérer rien des gens.
Ni de partages à faire avec ses parents,
Régir tous ses desseins sur un juste modèle,
Se contenter de peu, n'espérer rien des gens.
Vivre avec franchise et sans ambition,
S´adonner sans scrupule à la dévotion,
Dompter ses passions, les rendre obéissantes.
S´adonner sans scrupule à la dévotion,
Dompter ses passions, les rendre obéissantes.
Conserver l'esprit libre, et le jugement fort,
Dire son chapelet en cultivant ses entes,
C'est attendre chez-soi bien doucement la mort.
Nesse seu belo soneto, Plantin enumera aquilo que, segundo ele, dá valor à vida. Não o que faz a vida apenas suportável, mas o que a torna virtuosa e feliz. Até a velhice, se possível. A felicidade, segundo Plantin, requer um bom conhecimento de si próprio para saber doar-se sem perder-se: altruísmo pragmático. Não prescinde de “uma casa simples e bela” e de “algumas crianças” ao redor. Uma vida feliz requer, antes de tudo, ausência de infelicidade: uma mulher fiel, ausência de dívidas, amizade entre parentes; humanista e renascentista que era, valorizava a liberdade individual, garantida por um espírito livre, fortalecido pela razão. Homem do século XVI, considerava que se devia minimizar as “paixões”, subjugando-as. Tendo conhecido dissabores na vida, sabia que a riqueza material, fluida, não garantia a felicidade. Humilde, reconhecia que sobre seus ombros repousavam os espíritos de seus antecessores. Sabia que só uma vida plena e feliz pode dar lugar a uma morte boa e “doce".
Inspirado por Plantin, que soube desvendar uma enorme faceta da alma, modifiquei seu soneto, fazendo-o aproximar-se da minha alma, que não é tão diferente. Somos, afinal, todos humanos.
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