terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sobre lobos, ovelhas e maus pastores













Por Pedro Lobo Martins

Uma das principais preocupações dos europeus é continuar sendo o centro do mundo. No afã de manter sua auto-estima, são continuamente estimulados por uma história riquíssima e uma cultura madura, em que, infelizmente, se combinam elementos profundamente democráticos com uma tendência avassaladora à centralização política, que tantas vezes desembocou no fascismo.

Sofrendo de distúrbio bipolar crônico, a Europa alterna fases de euforia econômica, em que sua raiz democrática aflora, com momentos em que afunda no abismo das incertezas, porta para o inferno do totalitarismo.

A raiz dos males na Europa é a mesma de tantas economias do mundo atual e de tantas famílias, que repetem o mesmo erro de sempre: um desequilíbrio, no longo prazo, entre receitas e despesas. Tão simples assim.

O problema não está no capitalismo, mas na natureza humana. Nenhum sistema dá conta por inteiro da nossa mania de querermos sempre mais e de sermos melhores que os nossos vizinhos. As utopias socialistas, como pretendem ignorar os manifestantes da foto acima e como já provou a história, são as que mais se distanciam da nossa essência.

O problema está na mania neo-keynesiana dos governos e das mentalidades que os sancionam, em todo o mundo, e que, cada vez mais absortos na ciranda do populismo e do politicamente correto, aviam receitas que incluem, entre seus ingredientes, o comprometimento de recursos do contribuinte para financiar uma máquina estatal agigantada da qual o sistema bancário, confundindo sua razão precípua, se tornou seu maior sócio.

As pessoas têm razão em demonstrar contra os governos, mas pelos motivos errados. Muitos de seus empregos foram criados e mantidos por dinheiro de mentira, sem lastro, criado por governos neo-keynesianos perdulários, ainda que democraticamente eleitos, e seus bancos associados, que ninguém deixa quebrar. A bolha que agora estoura não é a do capitalismo, mas a do pseudocapitalismo de Estado que o distorceu e em que todos, inocentemente, continuam acreditando.

A armadilha está montada na Europa e, por extensão, para todo o mundo, e os buracos são dois: os totalitarismos de direita e de esquerda. Entre as alternativas, a que permanece em segundo plano, atrás dos prados verdejantes do populismo travestido de politicamente-corretismo, é a do realismo: colocar as instituições para fazer aquilo para que foram feitas, desde séculos atrás, sem distorções. Bancos emprestam para quem pode pagar. Governos não gastam o que não podem e não devem. As pessoas cuidam de suas vidas. A justiça funciona.

Só assim se poderá domar o lobo insaciável que há em todos nós, garantindo, ao mesmo tempo, sua liberdade.

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