segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pão e Circo




Por Pedro Lobo Martins

Esta história toda de protestos tem sido ótima. Ótima porque pessoas adormecidas têm acordado. Mas alguns aspectos do que tenho lido e assistido têm me incomodado:

1- Onde estão as pessoas das classes D e E? Parece que só os setores politicamente organizados/ intelectualizados, sobretudo da extrema-esquerda, inicialmente (PCO, PC do B e PSOL) e, mais recentemente, uma parte menos alienada da classe média, vão para as ruas. Isso mostra, talvez, que enquanto houver pão e circo, digo, bolsa-família e futebol, carnaval, novela e afins, o cidadão comum vai  continuar "feliz" e não vai sair da sua zona de conforto.

2- Tanto a esquerda quanto a direita querem se apropriar do movimento.
A esquerda fica indignada porque começou tudo e estarrecida por não ver o povão nas ruas. Mas tem que ver a "elite" nas mesmas ruas e no facebook, essa elite que, tendo a barriga cheia, os bolsos recheados e o cérebro cultivado, não teria o direito de reclamar de nada (???). A direita, por sua vez,  quer capitalizar a questão, sobretudo depois da desconcertante vaia ouvida pela presidente, para seu projeto de oposição. Mas a verdade é que o movimento se configura agora como uma clássica gota d´água em que as ideologias se misturam e se confundem, tomando as feições de um basta à corrupção geral em todos os setores, à impunidade e aos gastos enormes para as copas das Confederações e do Mundo.

3- Nessa miscelânia de diferentes indignações, ideológicas e sem ideologia, da esquerda e da direita, o resumo geral de intenções parece recair, infelizmente,  sobre o governo: as pessoas querem mais governo. O problema é que é exatamente o governo a fonte das mazelas que nos afligem, desde a ineficiência do transporte público até a falta de saúde e educação da população, com toda a corrupção que vem a reboque. O que falta não é mais governo: falta (muito) menos governo.

Estamos todos certíssimos em reclamarmos dos gastos altíssimos com estádios de futebol e com a infra-estrutura específica que pouco tem a ver com as reais demandas da população. Os turistas não são mais importantes do que nós e nossos filhos. Nem os empreiteiros amigos dos políticos (vide meu post anterior sobre Clésio Andrade). O bom turista percebe muito bem o que é mera maquiagem e o que é feito para ficar. Nós mais ainda. E o que se faz para ficar é saúde, educação e segurança.


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Não está na hora de pedirmos tarifa-zero. Enquanto houver governo na conversa as tarifas serão altas e pagas pelo contribuinte, ainda que os ônibus sejam de graça. Enquanto houver governo, seus amigos, que incluem os concessionários, ganharão às custas de (mais) taxas e (mais) impostos pagos pela população. Está na hora de pedirmos, nas ruas e nas redes sociais, que o governo faça aquilo que é sua função precípua: escolas-dez, uma rede de assistência à saúde-dez, um sistema jurídico ordenado e eficiente e uma polícia-dez capaz de proteger a população, e não de espancá-la. Isso é pra ficar. Do resto, boas leis, um Estado de Direito e a livre concorrência dão conta.

não seja este cara!


Pra começar, é preciso querermos e exigirmos.



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